Abstinência de 40 dias sem carro, sem taxi, sem transporte público

Minha experiência de 43 dias sem carro, sem transporte público ou taxi, (23 de fevereiro a 06 de abril de 2023), proposta como forma de abstinência de algo que utilizo muito e acho indispensável.

Primeiro dia indo ao trabalho sem carro (usei uma sandália superconfortável) mas me machucou (mesmo percurso curto), desta forma identifiquei uma sandália que prometia ser superconfortável (inclusive vendida como ergonômica), ser inadequada para deambular em calçadas irregulares mesmo que seja percursos curtos. 

Como Fisioterapeuta procuro identificar produtos ergonômicos, na grande maioria das vezes adquirir e utilizar para indicar aos pacientes – este tipo de modelo não indicarei, tive a experiência na pele “dedos esfolados do pé”.

Segundo dia logo cedo fui para minha aula de yoga, achei o percurso longe e como estava sem carro, tive que mudar meu horário e ir mais cedo do que o costume, antes eu ia de carro, fazia aula e me deslocava ao meu trabalho, como fui mais cedo, retornei mais cedo para casa e vi a vantagem de não sair correndo da aula para o trabalho, no retorno me senti cansada parecia um percurso super longo e como tinha saído de uma aula mais pesada de prática, ao chegar em casa tive que descansar um pouco para me preparar para ir ao trabalho. 

Terceiro dia, fim de semana, tinha que fazer umas trocas de produtos – percurso 3km para ir e 3km para retornar, para mim tranquilo, pois de fim de semana gosto de caminhar em média de 5 a 12km considerando percurso de ida e volta, a questão é que teria que ir com meu filho, e as vezes quando caminhamos fim de semana e ele fica cansado, quebramos o percurso retornando de taxi, enfim expliquei que não teria taxi e que estava cumprindo uma abstinência, que ele já entende o que significa para nós, pois ele já fez algumas (não comer pipoca por 30dias, não colocar sal na comida “ele virava o saleiro antes mesmo de provar a comida” a abstinência fez na época ele entender que era um hábito e não uma necessidade de colocar mais sal na comida que ele nem tinha provado), ele encarou o percurso de ida e volta tranquilo, sem pedir taxi, ele está acostumados com trilhas em viagens e encara bem, mas na cidade as vezes com preguiça quer o taxi para completar. Como era abstinência ele já sabia, taxi nem pensar. 

Quarto dia, me propus a resolver algumas coisas em um shopping que tem vários serviços (tinha que fazer uma chave/ consertar um relógio/ resolver um problema de telefonia/ comprar um produto específico), questão 5km para ir e 5km para retornar, eu e meu filho novamente e sem taxi...ele já sabia, mas ficou empolgado o dia estava lindo e seria o objetivo do percurso um shopping...chegamos ao shopping e ele bebeu de uma só vez uma garrafa de água, que geralmente tenho que ficar cobrando para beber, resolvi o que tinha que realizar no shopping e na volta descobrimos uma lanchonete com sanduiches sem glúten, que foi o máximo para nós que não comemos glúten.

Quinto dia, logo cedo fiz o percurso da Yoga, já não achei o percurso tão longe que o primeiro dia, mas ainda cheguei cansada. 

Sexto dia, fui ao trabalho e após fui ao meu treino de luta (faço Kung Fu), e achei interessante já chegar aquecida da caminhada, senti muito mais fácil meu aquecimento pré-treino.  

Sétimo dia, logo cedo fui a Yoga e comecei a perceber mais o caminho, conhecer os estabelecimentos ao longo do percurso, e minha mente silenciando em observar. 

Oitavo dia, fui ao trabalho e no retorno passei em um supermercado perto de casa que eu nunca tinha ido e lá encontrei produtos que nem imaginava.

E assim se seguiram meus dias, com descobertas a cada dia e cada vez mais o percurso que tinha que fazer parecia mais curto, entendo pelo meu conhecimento em Neurologia como engrama, reprogramamos nosso cérebro com mudanças e no processo da mudança o que era difícil se torna fácil. 

Descobri que a sandália que adquiri ano passado para trilha foi uma das melhores aquisições que fiz, é ótima, tem amortecimento, funciona similar ao amortecimento do tênis com a vantagem de no calor o pé respirar melhor que no tênis e em situações de chuva esta sandália (tipo Papete) própria para trilha aguenta super bem. Eu já tinha utilizado em viagens (já entrei até em mangue com ela), mas não imaginava que na cidade, calçadas funcionaria também, inclusive não tive nenhum desconforto da coluna lombar utilizando-a nos meus percursos pela cidade. 

Descobri que sem carro realizamos uma programação melhor de horário e como não tem a questão de trânsito, não tive nenhum imprevisto de atrasar em compromissos.

Descobri muitos lugares novos ao longo do meu percurso, novos para mim, eles sempre estiveram lá, mas eu no volante do meu carro, não conseguia ver estes lugares, praças, painéis, lojas, cantinhos escondidos...

Descobri que sim posso ficar sem carro e não é o fim do mundo...

Agradeço os aprendizados com esta abstinência e com o término do período a primeira coisa que fiz, foi pegar a estrada, adoro dirigir na estrada e parece que apreciei mais do que o normal. 

E agora, o que mudou?  Vou manter ao máximo durante toda a semana o meu percurso a pé e sinto que quem ganha sou eu e minha saúde. Pois os benefícios das caminhadas são inúmeros. E estamos na cidade cada vez mais acomodados em fazer tudo com o carro, ficamos estressados para estacionar, estressados com o trânsito e os atrasos dos compromissos gerados pelo trânsito.

Sei que nesta abstinência foi mais radical pois não podia ser incluso transporte público ou taxi. E agora considerando as possibilidades do transporte público/taxi, fica ainda mais tranquilo pensar em ficar sem carro. Já conheci muitos pacientes que após cirurgias inclusive de membros superiores (ombro/cotovelo/punho), tiveram por força maior que ficar sem carro e alguns viram tantos benefícios que renunciaram ao carro.

Vocês imaginam como seria um período sem carro?  E o que conseguiriam descobrir? Experimente, pode ser começando com um dia da semana, e você vai querer se autossabotar, mas hoje tenho que carregar isso ou aquilo...tudo é possível resolver, criando hábitos...mudei muitos hábitos com esta experiência.

Raquel Xavier Rocha

Endereço

R. Capote Valente, nº 439
Pinheiros - São Paulo-SP
CEP 05409-001

Estacionamento no local.
Próximo ao Metrô Clínicas (linha verde)
e Metrô Oscar Freire (linha amarela).
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